quarta-feira, 12 de março de 2008

WANTED (TÉDIO)

Vivendo numa "Era" de desinformação constamente, ou melhor, de informação excessiva aliada à um desconhecimento da realidade concreta, frequentemente nos impressionamos com a descoberta de que em meio à fragmentação do discurso, onde a tendência cada vez mais forte é a de desconstrução das estruturas sobre as quais foi (a)fundada nossa cultura, ainda possa existir pensamentos autênticos. O fato é que toda idéia é revolucionária quando exposta pela primeira vez... toda idéia é revolucionária quando é re-formulada e toda idéia revolucionária é genial antes de virar mercadoria.. A juventude já adotou as idéias marxistas, hippies, lsd, anarquismo, e tudo foi incorporado ao sistema e virou mercadoria. Já não há para quem recorrer. Não há mais esperança de salvação. Já não há mais crença no progresso humano. O que há é o consumo desenfreado de "produtos" revolucionários. O que há é CONSUMIDORES de BUKOWSKI'S, JIM MORRISON'S, GUEVARAS. Toda idéia para ser revolucionária precisa ter seu ciclo de duração. E a maioria dessas idéias já estão ultrapassadas. Me dá náuseas escutar de um adolescente com uma garrafa de cerveja na mão e seu popularíssimo "All-Star" à caminho do Shopping Catuaí dizer que seu ídolo era "Charles Bukowski". E por que? . Será que esse adolescente realmente escolheu gostar dele ou essa escolha foi mais um produto imposto pelo "mercado" da cultura. Mercado esse adaptado para dar a ilusão a jovens de classe média de que possuem o poder de mudar o mundo. Cada vez menos encontramos pessoas que pensam no presente, e somente para o presente. Nietzsche já dizia que devemos saber lembrar o passado, mas também devemos aprender a esquecê-lo. É justamente essa falta de esquecimento que nos faz viver acorrentados à fracassos passados, e nos enche a vida de tédio impedindo-nos de ter uma nova visão sobre os acontecimentos. Hoje em dia é cada um por si e Deus contra todos. Mais uma vez Darwin dá o veredito final da história humana. Que ganhe o mais adaptado, e infelizmente atualmente o mercado é quem manda no mundo. Talvez o triunfo do capitalismo se dê às custas do que sobrou da humanidade, amparado pelos ombros dessa juventude inerte, e ao invés da sociedade do espetáculo acabe por criar a cultura do tédio.

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