segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Christiania


Christiania - A Lenda da Liberdade10/12/2005 13:21

No coração gelado do capitalismo europeu, na fria Copenhagen, Dinamarca, uma comunidade de 10 mil pessoas vive num outro compasso. Cristiania não tem prefeito, não tem eleição e funciona sem governo, sem imposição de leis que controlem a organização social. A lenda da cidade-livre da Dinamarca é real: inspirada no Anarquismo, Christiania resiste há mais de 20 anos, inventando um jeito novo de conviver com os problemas da vida comunitária. Limpeza das ruas, rede de esgoto, manutenção dos serviços básicos, tudo é decidido e feito a partir de reuniões entre os moradores da cidade. Eles se definem como uma comunidade ecologicamente orientada, com uma economia discreta e muita autogestão, sem hierarquia estabelecida e o máximo de liberdade e poder para o indivíduo. Uma verdadeira democracia popular direta, onde o bom senso e o diálogo substituem as leis. No Brasil, poucos conhecem a história da cidade-livre. O TESÃO vai contar, com exclusividade, a lenda da liberdade. Christiania começou a escrever sua história em 1971. Foi a partir das idéias de um jornal alternativo, o Head Magazine, que um grupo de pessoas, de idades e classes sociais variadas, decidiu ocupar os barracos de uma área militar desativada na periferia de Copenhagen. Era o início de uma luta incansável contra o Estado. A polícia tentou várias vezes expulsar os invasores da área, mas sem sucesso. Christiania virou um problema político, sendo discutida no parlamento dinamarquês. A primeira vitória veio com o reconhecimento da cidade-livre como um "experimento social", em troca do pagamento das contas de luz e água, até então a cargo dos militares, proprietários da área. O Parlamento decidiu que o experimento Christiania continuaria até a conclusão de um concurso público destinado a encontrar usos para a área ocupada. Em 73 houve troca de governo na Dinamarca e a situação de radicalizou: o plano agora era expulsar todos e fechar o local. O governo decretou que a área seria esvaziada até o dia 1º de abril de 1976. Na última hora, o Parlamento decidiu adiar o fechamento de Christiania. A população da cidade-livre tinha se mobilizado para o confronto com o Estado, mas a guerra não aconteceu. O dia 1º de abril tornou-se o dia de uma grande manifestação da Dinamarca Alternativa. Ao longo dos anos, a cidade-livre aprimorou sua autogestão: casa comunitária de banhos, creche e jardim de infância, coleta e reciclagem de lixo, equipes de ferreiros para fazer aquecedores a lenha, de barris velhos, lojas e fábricas comunitárias de bicicletas. A década de 80 foi marcada pelas drogas. Em 82, o governo começou uma campanha difamatória contra Christiania: a cidade-livre era considerada o centro das drogas do Norte da Europa e a raiz de muitos males. A comunidade teve então que organizar programas de recuperação de drogados e expulsar comerciantes de drogas pesadas, como a heroína. O mercado de haxixe continua funcionando normalmente. O governo dinamarquês nunca deixou Christiania em paz vários planos foram elaborados visando a "normalização e legalização" da área. Em janeiro de 92, finalmente um acordo foi assinado. Christiania já tinha mais de vinte anos de independência e provara ao mundo que é possível viver em liberdade. Mesmo com o acordo, o governo ainda tenta controlar a cidade-livre. A resposta veio no ano passado, com o lançamento do Plano Verde, onde os moradores de Christiania expressam sua visão de futuro e que rumos tomar. A lenda de Christiania continua sendo escrita.

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