quinta-feira, 10 de outubro de 2013

um exagerozinho

Percebi que já estava contaminado
fui, então, decidido, pedir mais cuidado
respondeu que eu estava afobado
lhe escrevi, então, angustiado:

Mesmo dentro de um navio agitado
pularia à bordo levando meus potes encantados
dançaríamos em tempos desritmados
guiaríamos entre as ondas pra outros lados
onde o mar folgado já não está tão bravo
e tiraríamos dali, em terra, um tempo de resguardo
casaríamos nossos corpos cansados e machucados
num sereno doce profundo e aconchegado.

E você se esvai - como tudo - e vai pra outro lado
fico ainda um tempo parado
tentando pescar a garrafa que bóia enrolado um recado
passo ali na ilha calado
breve momento de luto sagrado
por um dia ter em mim desaguado
navio tão doce de casco dourado
bulbo riscado, prumo arranhado
velas abertas, vento soprado
rumo à mares pouco navegados.

Em poucos dias acho tudo engraçado
e faço numa espécie de descarrego rimado
versos ingênuos, de manhã, logo após ter acordado
e discuto comigo se serão entregues ou amassados
rasgados, jogados... dobrado, guardados
e como sentimento algum gosta de ser travado
concluo comigo:
- Entregue logo, aliviado!

Não encontrei onde tinha falhado
talvez, simplesmente, não tenhamos funcionado
ou, talvez, nem sequer tenhamos começado
novamente fui ponte
entre o passado e um novo namorado.

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