Quero
acordar cedo amanhã, varrer o chão desse quarto que nunca foi varrido, botar o
óculos de grau só pra fingir miopias, ler a sorte no jornal, passar a camisa em
cima da pia. E se amanhecer chuvoso, recolher as roupas do varal pingando
sentindo saudades do sol e ficarei pelado, sem medo de ficar molhado, com as
costas nuas depois farei um chá quente e escreverei um texto para um grande
amigo meu, um texto sem mentiras, o primeiro depois de muito tempo que não quer
ensinar nada, nem quer julgar, nem terá problemáticas complexas e nem sugerirá
caminhos. Será um texto de dentro, sem intenções de elogios, vazio de maldades,
um texto que não quer a resposta, e não conterá nenhuma novidade. E mesmo assim
ele fará bem, porque vou por nele palavras tão desvencilhadas de complicações
que elas parecerão o perfume de um alecrim.
Amanhã quero encontrar os confusos e dizer
que a confusão deles é uma beleza, amanhã quero tomar conta de menos coisa
possível pra ver se uma coisa inédita me toma a atenção, pra acrescentar e me
embaraçar ainda mais nas quinhentas paixões que se enroscam dentro de mim.
Amanhã quero acordar cedo, ler esse texto e ver o que ele sugere pra mim.
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