terça-feira, 15 de outubro de 2013

     Quero acordar cedo amanhã, varrer o chão desse quarto que nunca foi varrido, botar o óculos de grau só pra fingir miopias, ler a sorte no jornal, passar a camisa em cima da pia. E se amanhecer chuvoso, recolher as roupas do varal pingando sentindo saudades do sol e ficarei pelado, sem medo de ficar molhado, com as costas nuas depois farei um chá quente e escreverei um texto para um grande amigo meu, um texto sem mentiras, o primeiro depois de muito tempo que não quer ensinar nada, nem quer julgar, nem terá problemáticas complexas e nem sugerirá caminhos. Será um texto de dentro, sem intenções de elogios, vazio de maldades, um texto que não quer a resposta, e não conterá nenhuma novidade. E mesmo assim ele fará bem, porque vou por nele palavras tão desvencilhadas de complicações que elas parecerão o perfume de um alecrim.
     Amanhã quero encontrar os confusos e dizer que a confusão deles é uma beleza, amanhã quero tomar conta de menos coisa possível pra ver se uma coisa inédita me toma a atenção, pra acrescentar e me embaraçar ainda mais nas quinhentas paixões que se enroscam dentro de mim. Amanhã quero acordar cedo, ler esse texto e ver o que ele sugere pra mim.


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