quarta-feira, 2 de abril de 2008

Livro: HUMANO, DEMASIADO HUMANO axioma 5

Um pecado hereditário dos filósofos - Os filósofos, em todos os tepos, se apropriaram das proposições dos examinadores de homens(moralistas) e as corromperam pro tomá-las como incondicionadas e por quererem demonstrar como necessário o que era entendido por aqueles apenas como indicação aproximativa ou até mesmo como verdade regional ou comunal de uma década - enquanto eles, precisamente através disso, pensavam elevar-se acima daqueles. Assim, no fundo das célebres doutrinas de Shopenhauer acerca do primado da vontade sobre o intelecto, da inalterabilidade do caráter, da negatividade do prazer - que, assim como ele as entende, são todas errôneas - se encontrarão sabedorias populares, que moralistas estabeleceram. Já a palavra "vontade", que Shopenhauer tranformou em designação comum para muitos estados humanos e inseriu em uma lacuna da linguagem, para grande proveito dele próprio, na medida em que era moralista - pois agora estava livre para falar da "vontade" como Pascal havia falado dela -, já a "vontade" de Shopenhauer tornou-se, entre as mãos de seu autor, pelo furor de universalização que é prórpio do filósofo, perdição para a ciência: pois dessa vontade se faz uma metáfora poética quando se afirma que todas as coisas da natureza teriam vontade; finalmente, para fins de uma aplicação em toda sorte de excessos místicos, ela foi usada abusivamente para uma falsa coisificação - e todos os filófofos da moda repetem e parecem saber com toda precisão que odas as coisas teriam uma vontade, e até mesmo seriam essa vontade única( o que, segundo a descrição que se faz dessa vontade única e total, significa tanto quanto querer ter como Deus o diabo estúpido"1". (Nota do tradutor"1": a tradução poderia ser:"querer ter como Deus o prórpio Diabo.)

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