terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

dorme em paz

Não seria esse banho demorado em que acabou de sair, este cotonete na orelha e a extrema proteção de si mesmo o medo de que uma, especificamente, entre tantas transformações, aconteça? Aquela que muitos não ousam dizer, nem fitar: a morte? Mesmo sabendo que é dos mais profundos calabouços deste medo que exala o fedor de um desejo, já velho e reumático, caçador de um farelo fugaz de eternidade? Ou seria uma preparação para um dia longo que lhe faria morrer abençoando a exaustão que sentiria, quando jogasse seu corpo metamorfoseado na cama, esperando mais um dia?
A eternidade é um erro conceitual que nos leva a esquecer o caminho singelo até a morte. Desacredita-nos de sua busca. Como ver vida pulsando num rosto que escarra suas próprias mortes, antes de se quer convidá-la para dar uma volta? Ou, até, dividir a cama, quem sabe?

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