domingo, 14 de abril de 2013


A menina e o banco

                Primeiro terminal, um monte de gente amarrotada descia do ônibus que parecia agora - com tanto menos gente - até flácido. Ufa!
                Vendo a movimentação da filha, a mãe gritava lá detrás cuidando do outro filhinho no colo.
                - Não vai descer ainda não, Cibele! Fica aí, é no próximo terminal!
                A menininha tentava se explicar:
                - Eu só vou mudar de banco... - magrelinha, cabelo escorrido cor de caramelo.
                A mãe, sentada lá atrás daquele monte de gente descendo, não ouvia.
                - Fica aí, Cibele! É no outro! - nem se via a mãe.
                - Eu não vou descer! Eu só vou sentar ali no outro banco! - e fez de novo um movimento de levantar.
                O gritinho dela era muito baixo e a mãe ainda estava aflita com umas sacolas que equilibrava.
                - Cibele, fica aí! Senta!
                - Aff... - apoiou o queixo nas mãos angustiada com a situação.
                Mirou pros dois lados e fez o gesto rebelde: se levantou e foi em direção pro outro banco... quando quase se sentando, a mãe reparou na cena:
                - Cibele!! Não é nesse terminal!!
                Desviou de um monte de pernas e sentou correndo no banco tão desejado e explicou didaticamente, toda cuidadosa:
                - Eu não vou descer, mãe..., vou ficar sentada nesse banco daqui!
                - Ah...! - a mãe entendeu afinal - Senta aí, fica sentada, hein! - a ordem aí já veio mais adocicada.
                - Tá bom. - murmurou olhando lá fora pela janelona.
                O carro já arrancava de novo, se tremendo todo.  

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