A menina e o banco
Primeiro terminal, um monte de gente
amarrotada descia do ônibus que parecia agora - com tanto menos gente - até
flácido. Ufa!
Vendo a movimentação da filha, a
mãe gritava lá detrás cuidando do outro filhinho no colo.
- Não vai descer ainda não,
Cibele! Fica aí, é no próximo terminal!
A menininha tentava se explicar:
- Eu só vou mudar de banco... -
magrelinha, cabelo escorrido cor de caramelo.
A mãe, sentada lá atrás daquele
monte de gente descendo, não ouvia.
- Fica aí, Cibele! É no outro! -
nem se via a mãe.
- Eu não vou descer! Eu só vou
sentar ali no outro banco! - e fez de novo um movimento de levantar.
O gritinho dela era muito baixo
e a mãe ainda estava aflita com umas sacolas que equilibrava.
- Cibele, fica aí! Senta!
- Aff... - apoiou o queixo nas
mãos angustiada com a situação.
Mirou pros dois lados e fez o
gesto rebelde: se levantou e foi em direção pro outro banco... quando quase se
sentando, a mãe reparou na cena:
- Cibele!! Não é nesse
terminal!!
Desviou de um monte de pernas e
sentou correndo no banco tão desejado e explicou didaticamente, toda cuidadosa:
- Eu não vou descer, mãe..., vou
ficar sentada nesse banco daqui!
- Ah...! - a mãe entendeu afinal
- Senta aí, fica sentada, hein! - a ordem aí já veio mais adocicada.
- Tá bom. - murmurou olhando lá
fora pela janelona.
O carro já arrancava de novo, se
tremendo todo.