quarta-feira, 24 de outubro de 2012


- Quanto está custando um vereador?
Perguntou o prefeito ao seu assessor.
- Qué isso, a integridade não tem preço, seu doutor!
- Ah, não vai me dizer que é destes meninos bobos sonhador, que ainda não sabe que aqui é pra sugar mais seiva que a gente arranca o espinho e enfeita a flor?
O funcionário não entendeu aquele tom provocador, nunca tinha percebido que o homem pra quem trabalhava podia ser tão enganador. Aquele cara alto, todo encantado, agora parecia amaldiçoado entupido de egoísmo e rancor. Não mais o herói que protegia a vítima da bala, mas ele mesmo o próprio atirador, fingia que apagava o fogo que ele mesmo fora o ateador.
Então, retomou-se de ar e soltou uma resposta ao seu inquiridor:
- À sua pergunta nem preciso me fazer pesquisador, um vereador nem anda cobrando tão caro pra se por a seu dispor, com certeza um preço que pode ser pago por um prefeito sem nenhum valor.
Saiu de lá escorraçado, chutado, xingado de traidor.
Naquela noite não dormiu, suou frio debaixo do cobertor. Formulou vinganças, tinha muitas provas a seu favor. Juntou-as numa pasta e de manhã foi ao gabinete de seu ex-empregador.
O prefeito ficou assustado e se escondeu atrás de um “estou ocupado, fale pra voltar mais tarde, por favor”.
O homem percebendo que não iria conseguir ir adiante, como era de se supor, largou ao pé da porta a pasta com os papéis e uma flor, deixando ao léu ali toda a corda da forca do prefeito pra ele fazer com ela seja lá o que for.  

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