quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ao pé

Encontrando assim
uma pequenina flor
de cinco pétalas roxas e finas
caídas de cabeça-pra-baixo na rua dura,
vislumbrei ali a mulher.
Quantas forças contidas nestas cores?
Quantos encontros cósmicos na gênese deste roxo?
E você ali
caída de cabeça-pra-baixo na rua dura, mulher.
Cinco pétalas no roxo
numa cadência estratégicamente cadenciada de beleza,
de sutilidade sedutora pelos excessos calidamente retirados.
E a quem tanto?
Nem sabe.
Só sabe que sempre funcionou assim,
que é assim o seu juízo de beleza,
que vem da planta
e você atenta à flor.
Recolho ela assim
e a girando em meus dedos
tento a olhar por através deste roxo
e me sinto seduzido
pelo ser que sentiu a necessidade de compor as cinco pétalas.
Uma bela sem rosto, roxo, nem pétalas.
Que nem se reconhece,
mas que é responsável
por tanta calidez presente, possível e provável.
Queria eu, assim, quem dera
apresentar-lhe, mulher, a ela.

Nenhum comentário: