quinta-feira, 30 de setembro de 2010

calma pé! tanta flor
não me deixa cheirar
os galhos tortos

Ao pé

Encontrando assim
uma pequenina flor
de cinco pétalas roxas e finas
caídas de cabeça-pra-baixo na rua dura,
vislumbrei ali a mulher.
Quantas forças contidas nestas cores?
Quantos encontros cósmicos na gênese deste roxo?
E você ali
caída de cabeça-pra-baixo na rua dura, mulher.
Cinco pétalas no roxo
numa cadência estratégicamente cadenciada de beleza,
de sutilidade sedutora pelos excessos calidamente retirados.
E a quem tanto?
Nem sabe.
Só sabe que sempre funcionou assim,
que é assim o seu juízo de beleza,
que vem da planta
e você atenta à flor.
Recolho ela assim
e a girando em meus dedos
tento a olhar por através deste roxo
e me sinto seduzido
pelo ser que sentiu a necessidade de compor as cinco pétalas.
Uma bela sem rosto, roxo, nem pétalas.
Que nem se reconhece,
mas que é responsável
por tanta calidez presente, possível e provável.
Queria eu, assim, quem dera
apresentar-lhe, mulher, a ela.

sábado, 25 de setembro de 2010

roupas no varal pingando?
trovoadas e fragor
a chuva sempre se anuncia

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Todos temos um

Quem está aí?
Que dá crédito ainda ao tempo,
que agora imagina
e se sente só ou completo?
O que mira, quem é?
Estou tentando caguetá-lo.
Do que é feito este por
onde transpassa as substâncias
e que ainda fica,
não corre, não muda, nem se muda?
Que está sempre aparecendo cada
vez mais e com o sorriso
sereno eterno toda vez diz mudo: sempre estive aqui.
O que é este? Que vive em todas camadas
do mundo de uma vez só?
Que reconhecemos quando pulamos na frente
do medo e lhe damos um susto?
Aquele susto de perder o controle
e a desesperadora estagnação do entendido.
Onde esté este que fica quando tudo
o mais vai embora?
Este que estudo o enigma, quem é?
Quando o vir, ele já era você desde o sempre.
Desvendando quais são as missões, se embaraçando nas dúvidas,
adimitindo que tudo é maior.
Carrega sacos de pó mágico em seu sinto,
acumula feitiçarias e palavras
coletadas nas duras caminhadas de sensibilização.
Tomara que sempre use suas poções
para estalar fendas
em amor entupido.