terça-feira, 24 de agosto de 2010

A pontuação da pontuação


Se coloco uma vírgula aqui, já se dão o direito de respirar e exigir-me que mude o sentido daquilo que estava vindo, quando não esperam habitualmente que eu complemente algo, como acabei de fazer, nas três últimas orações. Isso pra não falar do;, ou seja, o desengonçado “ponto e vírgula”, interrompe abruptamente até a linha de raciocínio. O que não faz um pingo?

Gozado é quando ponho dois pontos:

- O travessão já vem de sopetão, todo autorizado, de narizão reto. Os dois, como se tocassem em seus trompetes agudos uma anunciação de fala igual quando o coelho branco anuncia a rainha de copas ao seu reino, desenrolam um enorme tapete vermelho e... tchã-tchã-tchã-tchã-tchã-tchã-tchãããã:

- Alguém irá falar!

Quem? Ninguém. Era só pra lhe mostrar como é bizarro esse negócio de escrita.

Veja bem o caso do travessão, esse às vezes é um carcereiro. Deixe-o cercar uma palavra como – iogurte – com dois deles que você vai perceber como essa palavra vai parecer completamente deslocada do resto da frase. Olhe só, veja como vigia, quase como duas metralhadoras cuidando de prisioneiros tomando sol. Diferente dos parênteses, que isolam para proteger, como uma mãe (filho), sabe a importância daquilo que carrega.

O oposto são as aspas, essas asas que colocamos nas palavras que a fazem brilhar. A cocaína textual. Não isolam nem exclui. Destaca, realça, mas não sabe brincar e entrega a ironia. Luz acesa no único apartamento acordado do “arranha-céu” na madrugada fria.

E o que dizer da interrogação? Exclamar-se? Perguntar-se! Ah, o que saberíamos sem as dúvidas?

Agora... respirando um pouco as idéias entre estas reticências..., tenho de dizer..., tem um que é arrogante igual um pai cansado e bronco. Shhh... temos de conversar tudo que quisermos antes de ele chegar do serviço (é pingo de i em horário comercial), porque quando ele chega...., virgi, quando ele vem... quando colocamos o.

“Luis”

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