quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Balance no ar
e pouse aqui no chão,
pétala!

contosinhoso 9

- Poço?
- Pode! - ela fechou os olhos preparando para receber um beijo - ...até que enfim!
Ele largou os baldes no chão e não corrigiu o mal entendido.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Com os braços em recolho,
a bruma se vai,
o Sol fez bum!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

COMPLEXO DE ÉPICO

Todo compositor brasileiro
é um complexado.
Por que então esta mania danada,
esta preocupação
de falar tão sério,
de parecer tão sério
de ser tão sério
de sorrir tão sério
de chorar tão sério
de brincar tão sério
de amar tão sério?
Ai, meu Deus do céu,vai ser sério assim no inferno!
Por que então esta metáfora-coringa
chamada "válida",
que não lhe sai da boca,
como se algum pesadelo
estivesse ameaçando
os nossos compassos
com cadeiras de roda, roda, roda, roda?
E por que então esta vontade
de parecer herói
ou professor universitário
(aquela tal classe
que, ou passa a aprender com os alunos
- quer dizer, com a rua -
ou não vai sobreviver)?
Porque a cobra
já começou
a comer a si mesma pela cauda,
sendo ao mesmo tempo
a fome e a comida.

(Tom Zé, Todos os olhos)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

contosinhosos 8

Que porra é essa, Alberto?
- Um livro, Marilda.
- Mas..., a gente junta soando dinheiro pro ovo da páscoa pros meninos e você vem com essa, Alberto, se enxerga.
- Pô, Marilda, mas é o livro do Pedro Bial.
- Que Bial o que, vai já devolver essa coisa e pegar o dinheiro de volta.
Enquanto subia pro sebo:
- Sem poesia a vida não dá.

contosinhosos 7

- Que letra, hein, Jonatãn!
- Pô, professora.
As menininhas riam.
- Letras garrafais, Jonatãn! Capricha menino.
- Garrafais a putaquetepariu. - pensava enquanto ajeitava o lápis na mão.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

contosinhosos 6

Amassou o pernilongo com a ponta do indicador, desenhou um olho fazendo da parede uma tela, do dedo um pincel e a tinta do sangue sugado. Nela tudo acabava em arte, até a morte.

contosinhosos 5

Puxou o menino pro chão pelo agasalho. Com as cabeças bem próximas, os dois se fixaram no seu dedo indicador que apontava pra baixo, quase tocando a grama.
- O céu vem até aqui. - falou.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

contosinhosos 4

- Pai, pedra voa? - olhando pra lua, o menino.
- Não. - mexendo no seu jogo de chave de fendas.

contosinhosos 3

Você tem quatro, seis e sete. Gasta o sete pra impachá: tem de mostrar a maior. Você pede truco pra blefar, ele pede seis de cara, escandaloso..., você mantém a valentia.
- Nove.
Ele desconfia e pede pra abaixar. Você coloca o seis, ele coloca na mesa a dele... toalha vermelha, vinho derramado, tem amendoim ainda... é um cinco.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Yasunari Kawabata


Yasunari Kawabata (Osaka, Honshu, 14 de Junho de 1899 – Zuschi, 16 de Abril de 1972), escritor japonês, foi o primeiro japonês a ser laureado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1968.Enquanto criança, Kawabata desejara vir a tornar-se pintor mas optou por tornar-se escritor após publicar alguns contos durante o tempo em que frequentava o liceu. Ainda jovem foi marcado por acontecimentos trágicos ficando órfão com três anos. Perdeu a avó com apenas sete anos, a irmã com nove anos e o avô com catorze.Estudava Literatura na Universidade Imperial de Tóquio quando formou, juntamente com Yokimitsu Riichi, um jornal de letras – Bungei Jidai – que ajudava a promover um novo movimento literário (Shinkankakuha) que, segundo Kawabata e Yokomitsu, tinha como principais preocupações a apresentação de “novas sensações” na literatura.Kawabata começou a ganhar reconhecimento com alguns contos publicados após graduar-se, vindo a ser finalmente aclamado em 1926 com “Izu no Odoriko” (“A Dançarina de Izu”, em Portugal), uma história que explorava o erotismo do amor juvenil.O seu primeiro romance foi Yukiguni (“Terra de Neve” em Portugal), começado em 1934 e publicado gradualmente de 1935 a 1937. “Terra de Neve” é uma história de amor entre um homem diletante da cidade de Tóquio e uma gueixa de uma povoação remota onde este encontra um refúgio do stress da sua vida citadina. Este romance colocou Kawabata imediatamente na posição de um dos escritores japoneses mais importantes e promissores, tornando-se o romance num clássico instantâneo que é, hoje, considerado uma das suas mais importantes obras-primas.Após o final da Segunda Guerra Mundial Kawabata continuou a publicar romances como Senbazuru, Yama no Oto, “A Casa das Belas Adormecidas”, Utsukushisa to Kanashimi to e Koto (“Kyoto” em Portugal). No entanto o romance que Kawabata considerava ser o seu melhor foi Meijin, publicado entre 1951 e 1954.Kawabata foi ainda presidente do Pen Club japonês por muitos anos após a guerra.Apesar de, no seu discurso de aceitação do Prémio Nobel, ter condenado a prática do suicídio, acabou por fazê-lo em 1972, dois anos após o suicídio por seppuku de Yukio Mishima, de quem é considerado mentor.O estilo de escrita de Yasunari Kawabata distingue-se por uma linguagem suave, mais abstracta que descritiva, onde predomina a subjectividade em relação à objectividade, aproximando-se muitas vezes da prosa poética.

Livros de Yasunari Kawabata para downloads:

http://www.esnips.com/doc/68a3bd26-f0fd-4e5c-99eb-b99f83381642/Yasunari-Kawabata---Nuvem-de-passaros-brancos-(doc)-(rev)

contosinhosos 2

De manhã, cabelo amassado. O mijo saiu avermelhado.
- Putz, tô fodido.
Mas não lhe dói nada!...?
- Ah... a beterraba. - lembra.

contosinhosos 1

- João, corre aqui! Corre aqui imediatamente!
O desespero bate, cê larga a louça e a torneira aberta, corre pra acudir, tropeçando nos dois degraus da casa.
- O quê!?!... O quê!?
- Olha que céu mais lindo! - ela fala.
- Pôrra, Marta! - cê fica puto...! Mas não era que o céu tava lindo mesmo!
Urgente!
Gentil gente alfineta,
muro cai.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Há uma polêmica: estão afirmando que é laranja, e o Mi que seria amarelo. Bem... talvez seja um laranja bem claro, diria.

Líder trotskista, carteiro Besancenot funda Partido Anticapitalista na França


Líder trotskista, carteiro Besancenot funda Partido Anticapitalista na França

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

O NPA, Novo Partido Anticapitalista, estreou ontem na política francesa após a dissolução da LCR (Liga Comunista Revolucionária), movimento trotskista com 40 anos de existência. "Nosso objetivo é mobilizar todas as forças que queiram sair da era do lucro e abrir o caminho para uma sociedade inédita e mais justa", declarou Olivier Besancenot, 34, líder do partido.
Um congresso de três dias em Plaine-Saint-Denis, periferia de Paris, vai lançar as linhas gerais do movimento. De acordo com o NPA, já há 11 mil pedidos de inscrição de militantes de várias tendências na extrema esquerda. A LCR tinha 3.200 filiados.
A proposta do NPA é oferecer uma alternativa à esquerda tradicional francesa, representada principalmente pelo Partido Socialista. Com divisões internas, o PS tem dificuldades de impor uma oposição eficaz ao presidente conservador Nicolas Sarkozy.
As outras formações da esquerda francesa -o PC e o Partido Verde, por exemplo- perdem espaço nas urnas. E o recém-criado Partido de Esquerda tem pouca projeção nacional. "A esquerda institucional não resiste [aos ataques do capitalismo]. Quando ela está no poder, conduz políticas que viram as costas para as aspirações populares", diz o manifesto do partido.
Na eleição presidencial de 2007, a candidata comunista Marie-George Buffet teve apenas 1,93% dos votos. Besancenot, que concorreu à Presidência pela segunda vez, obteve 4,1%. Pesquisas indicam que hoje o potencial de voto em Besancenot é de 15%, mas, quanto à afinidade ideológica dos eleitores com o NPA, o potencial de votos cai para apenas 3%.
Formado em história e ex-carteiro, Besancenot imprime ao seu discurso notas de marxismo e slogans antiglobalização. Ele é presença constante na mídia e em manifestações. A crise econômica aumenta a popularidade do porta-voz do NPA, que defende aumento dos salários, sanções contra empresas que demitem e divisão prioritária dos lucros para os empregados, não os acionistas.
Em entrevista ao "Libération", Besancenot reconheceu que a nova formação tem um forte componente de "utopia". Sobre seu ideal de sociedade ele declarou: "Seria um modelo no qual a maioria decidiria sobre o controle e a apropriação das riquezas. Não falamos apenas de partilhar melhor [as riquezas], mas nos questionamos sobre a questão da propriedade".

http://fr.wikipedia.org/wiki/Olivier_Besancenot

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Ré é amarelo claro?

Conversão

Estava – aquele sujeito – sujeito, de novo, ao novo. Assobiava um canto no canto da sala de recepção pensando na nova descoberta: “Se estivesse em outro lugar, mesmo tendo a mesma forma, seria outro”. Quando o porteiro – soldado – marcou, correu pro elevador. Entrou no corredor em segundos, andou até o segundo andar e bateu no quarto quarto. Ninguém estava, arrombou e caminhou até a caminha que ainda chamava as piras que alimentara por tantos meses a chama da pira. “O último encontro que tivemos foi o último”, decidiu. Cravou no colchão um cravo e uma rosa rosa-claro onde encontrou um cheiroso bilhete. Não era seu. Leu. No verso dos versos, viu dois nomes: Ligia versus Mauro. Bordados por um coração de caneta vermelha. “Cobra!”
Nunca, ou – sem extremarmos – jamais, no passado ou presente havia pensado em presentear aquela garota com algo tão presencial e marcante. Sempre, por todo o tempo, a cada instante sem exceção, em tudo que fizera, fora amarga sua docilidade. E agora o que lhe restava era a parte não consumida, não a sobra, mas o que desprezaram quando não escolheram depois de cobrado.
Saiu bufando, rasgando a grama alta, o mato. “O mato”. Há horas perdera o almoço, tonteava. Pra subir a pressão, comprou um doce, quando deu com o inapetite: “como como?”. Pensava no primeiro encontro: num ônibus, aquela menininha de sardinhas soando naquela lata de sardinha, de saia, ele saindo da hora do almoço, com a manga toda suja de manga – não poupou nem a polpa – desgrenhado, coçou o papo mal tosquiado, ensaiou e aventurou um papo: “Opa!”, “Oi”, ela respondeu. Jogou o suspiro, suspirou, pediu um suco. No balcão do boteco, uma traça cinzenta traçava um traço torto num guardanapo sujo. Mais devagar no ódio, concluiu que estaria surtando: “Todos são tão sãos e eu despertando um acordo adormecido, enganchado numa coisa que já não existe há quinze anos.” E quando ele se viu, só se viu. Abismo, babou. Bem no meio da afobação arranjou um meio de sair dela:
Nunca contou, a ninguém, que contou a terça parte de sua parede central e lá pregou um terço sem ninguém precisar lhe pregar uma grama. O sol de caminhão, de monte, montado em cima de um monte de montes montados pelos arranha-céus espremidos, se via da sacada. Sacou: a vida, uma arma! E nunca mais orou, nem por dentro nem pra fora.

Se fazem pouco d'eus poraí,
um por encarnação.
E daí fazem pouco d'eu poraí.