sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

- Chave de fenda!
Passa um tempo... reage um:
- Hm?
Passa outro tempo...
- Tô procurando a chave de fenda.
- Ixi, não sei. Eu vi ela por aí.
- Por aí onde?
- Por aí em cima, ou lá atrás. Ixi, não lembro.
- Ah-rá! - fuçando - Achei a paradinha lá, que tava procurando ontem.
Outro tempo...
- Que paradinha?
- Ah... não é.
E ia a tarde.
   À la gatuno samurai, volátil na noitinha do ônibus, o bocejo veio nela, passeou em cinco bocas e fugiu pela janela.
  Um dia:
  - Você sabia?
  - O quê?
  - Que ela escreve poesia?
  Sentia: tum-dum, tum-dum, tum-dum, batia.
  Agora, o dele, ao olhar dela correspondia. Coraram.
- Caralho! - bateu a mão na mesa.
- O quê!?!
- Que dia lindo, porra! - olhando pela janela.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Tudo já está lá,
até pedaços de nós,
farelos lapidados do cosmos
e das pedras duras,
das conchinhas do mar.
E as marias-farinha de olhos-antenas cavam jogando areia pela diagonal.
Vai queijinho, patrão?

Senhor,
não me permita te pedir coisa alguma
para que tu mesmo não me concedas nada
porque tu sabes e eu já sei que tudo já é meu
sabendo que tudo é nosso e de todos
mas, que há coisas só minha que tenho de lidar
que existem somente, e por pouco tempo, como caminho para que nos encontremos.

Senhor,
deixemos de nos tratar como Senhor
porque o Senhor e eu somos o mesmo
e não quero mais te tratar como outro
não quero mais que esse engano seja necessário
e, se não me engano, esse não querer condiz com o teu querer
passando, assim, a ser um único querer
e quando queremos juntos sinto que sempre quis sem querer.

E, assim, não pediremos mais nada.
cheio de mim
esvaziei
inteiro meu, sumi
o mar
lapida o cosmos
até grãos de areia