sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A HORA MÁGICA pode ser pensada como um grupo de indivíduos que se reunem para propagar o blá-blá-blá sobre o CINEMA, um grupo aberto, livre, expontâneo, que realiza e incentiva, desde 2004, intervenções e produções cinematográficas pelo campus e por diversos outros cantos de Londrina-Via Láctea.
Seu foco inicial, e hoje em dia central, é garantir o acesso gratuito às obras cinematográficas de qualquer formato, postura ou tamanho, desde que decidida a importância de sua exibição pelo grupo. A HORA MÁGICA favorece o encontro de desejos, a troca de saberes e a retirada do acervo privado empoeirado na estante para ser posto em circulação.
Parte desse grupo anda confeccionando curtas metragens e vídeos experimentais, indo por caminhos que demonstram as possibilidades de criação, desmentindo a retórica frustrada por impeditivos financeiros e burocráticos.
Isso não quer dizer que não queremos asas maiores. Pra esse semestre já queremos realizar mostras de filmes e imagens (na Uel, no DCE do centro, na Casa do Estudante, nos festejos...) finalizar alguns curtas, iniciar outros, ampliar o acervo da videoteca da Uel incentivando doações, arrumar recursos pra expandir nossos equipamentos, incentivar a pirataria, ajudar a oxigenar as cabeças do movimento estudantil e de outros movimentos e, também, dos anti-movimentos, confeccionar documentários, construir grupos de discussão, estudar a criação de um curso de cinema na Uel, esfrangalhar esse reitor e acabar com a auto-destruição e a falta chiste no mundo.
Sei lá! Até agora lembro disso. Mas pode aparecer mais, ou esses objetivos mudarem.
Erga-nos:
ahoramagica@yahoo.com.br

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Retalho de uma carta de Caio Fernando Abreu a um amigo

Você quer escrever. Certo, mas você quer escrever? Ou todo mundo te cobra e você acha que tem que escrever? Sei que não é simplório assim, e tem mil coisas outras envolvidas nisso. Mas de repente você pode estar confuso porque fica todo mundo te cobrando, como é que é, e a sua obra? Cadê o romance, quedê a novela, quedê a peça teatral? DANEM-SE, demônios. Zézim, você só tem que escrever se isso vier de dentro pra fora, caso contrário não vai prestar, eu tenho certeza, você poderá enganar a alguns, mas não enganaria a si e, portanto, não preencheria esse oco. Não tem demônio nenhum se interpondo entre você e a máquina. O que tem é uma questão de honestidade básica. Essa perguntinha: você quer mesmo escrever? Isolando as cobranças, você continua querendo? Então vai, remexe fundo, como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho, "apaga o cigarro no peito / diz pra ti o que não gostas de ouvir / diz tudo". Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. Essa expressão é fundamental na minha vida.

Eu conheci razoavelmente bem Clarice Lispector. Ela era infelicíssima, Zézim. A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía, porque parecia se doer também, de tanta compreensão sangrada de tudo. Te falo nela porque Clarice, pra mim, é o que mais conheço de GRANDIOSO, literariamente falando. E morreu sozinha, sacaneada, desamada, incompreendida, com fama de "meio doida”. Porque se entregou completamente ao seu trabalho de criar. Mergulhou na sua própria trip e foi inventando caminhos, na maior solidão. Como Joyce. Como Kafka, louco e só lá em Praga. Como Van Gogh. Como Artaud. Ou Rimbaud.

É esse tipo de criador que você quer ser? Então entregue-se e pague o preço do pato. Que, freqüentemente, é muito caro. Ou você quer fazer uma coisa bem-feitinha pra ser lançada com salgadinhos e uísque suspeito numa tarde amena na CultUra, com todo mundo conhecido fazendo a maior festa? Eu acho que não. Eu conheci / conheço muita gente assim. E não dou um tostão por eles todos. A você eu amo. Raramente me engano.

Zézim, remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente: é lá que está o seu texto. Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. De repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo de gestação do sub ou do inconsciente.

E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente.

Ou então vá fazer análise. Falo sério. Ou natação. Ou dança moderna. Ou macrobiótica radical. Qualquer coisa que te cuide da cabeça ou/ e do corpo e, ao mesmo tempo, te distraia dessa obsessão. Até que ela se resolva, no braço ou por si mesma, não importa. Só não quero te ver assim engasgado, meu amigo querido.

sábado, 6 de setembro de 2008

Maconha atua contra bactérias resistentes

São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BIOQUÍMICA

Maconha atua contra bactérias resistentes

DO "NEW YORK TIMES"

Pesquisadores da Itália e do Reino Unido demonstraram que o princípio ativo da maconha, o THC, pode ter uma importante atividade antibacteriana. Isso é válido inclusive para micróbios bastante resistentes a drogas, como o Staphylococcus aureus.
A pesquisa publicada no periódico científico "The Journal of Natural Products" investigou o comportamento dos cinco tipos de canabinóide mais comuns. Os cientistas sugerem que outras substâncias presentes na maconha e que não têm efeito psicotrópico também possam ser eficazes contra as bactérias.
O estudo não conseguiu identificar exatamente como o THC atua. Apesar de antibióticos com essas substâncias ainda estarem distantes, elas poderão ser usadas em breve na proteção da pele, diz a pesquisa.